Azul e Gol planejam fusão para dominar mercado aéreo brasileiro

A Azul e a Abra, holding que controla a Gol e a Avianca, anunciaram um memorando de entendimentos para unir seus negócios no Brasil. Este memorando, que não é vinculante, define os termos gerais da parceria e a estrutura de governança, mas não impõe obrigações legais. As empresas pretendem manter suas operações e marcas separadas, mas com sinergias nas rotas aéreas, permitindo a combinação de voos em um único bilhete para cerca de 200 destinos. Com essa união, Gol e Azul juntas deterão 60,3% do mercado doméstico brasileiro, superando a Latam, que possui 39,4%. Além disso, estão previstas economias de custo significativas em contratos com fornecedores e atividades administrativas, já que 90% das rotas das duas empresas são complementares e não sobrepostas. Atualmente, Azul e Gol já compartilham 40 rotas em um acordo de code-share (compartilhamento de voos) firmado em maio de 2024.

O memorando também inicia o processo de aprovações regulatórias, com a comunicação do negócio ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Ainda não está claro se a Azul será uma subsidiária da Gol ou vice-versa, mas ao final do processo, haverá apenas uma companhia listada na B3 (Bolsa de Valores do Brasil) e na Bolsa de Nova York. A Abra Group deverá deter mais de 10% de participação acionária na nova companhia combinada, e junto com os acionistas da Azul, formará o maior grupo de acionistas. A definição do CNPJ da companhia que prevalecerá dependerá de razões fiscais. A concentração de slots (horários de pouso e decolagem) no aeroporto de Congonhas é uma preocupação, e o Cade pode impor restrições para evitar monopólios. A Abra Group terá o direito de nomear três conselheiros para o conselho de administração, enquanto a Azul indicará outros três conselheiros e o CEO, que será John Rodgerson, atual executivo da Azul.

A operação está condicionada à conclusão do processo de saída da Gol do Chapter 11, um processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. A companhia resultante será controlada pela Abra, que tem a família Constantino, fundadora da Gol, como sócia. O acordo estipula que o endividamento combinado de Gol e Azul deve ser comparável à alavancagem líquida da Gol antes do fechamento da transação. A reestruturação da Azul, que envolve a conversão de dívidas em participação acionária, deve ser concluída em breve. Segundo a Gol, o memorando é apenas o início de um processo para explorar a viabilidade da transação e não altera sua estratégia atual, que é sair do Chapter 11 até maio. Manuel Irarrázaval, CFO da Abra, destacou que a intenção é criar um player de aviação global mais competitivo e resiliente, fortalecendo o mercado brasileiro e a rede global da empresa. A Abra continua a apoiar a reestruturação da Gol e está otimista com as perspectivas futuras da companhia.

Saiba mais: Clique AQUI